2.1 Introdução
O temo Topografia deriva-se do grego: topos (lugar) e graphein (descrição). A Topografia é uma ciência que, com base na
geometria e na trigonometria, busca descrever um local da superfície terrestre
e representá-lo no papel (ou, mais recentemente, no computador).
A Topografia considera a superfície analisada como
plana, desconsiderando a curvatura da superfície terrestre. Deste modo, as
áreas levantadas devem ser de magnitudes de, aproximadamente, até 55 km2,
de forma a analisar uma área plenamente contida em um plano imaginário que
tangencia a superfície da Terra.
Por levantamento topográfico, entende-se a coleta de
dados topográficos em campo. Em linhas gerais, tais dados consistem na medição
de distâncias e ângulos horizontais e verticais. Neste tópico, serão
apresentados os principais conceitos sobre levantamentos planimétricos e
altimétricos.
2.2 Divisão da Topografia
A divisão mais usual da Topografia é
entre topometria e topologia.
A topometria versa sobre os
procedimentos clássicos para a aferição de distâncias, ângulos e diferenças de
nível. Lida, portanto, da medição das grandezas lineares e angulares, seja no
plano vertical ou horizontal, objetivando definir o posicionamento relativo dos
pontos topográficos. A topometria divide-se em planimetria e altimetria.
A planimetria é o ramo da topometria
que estuda e estabelece procedimentos e métodos para a medida de ângulos e
distâncias em um plano horizontal. Ou seja, a planimetria prima por conceber
uma vista superior (vista em planta) das características topográficas de um
dado terreno.
A altimetria é o ramo da topometria
que estuda e estabelece procedimentos e métodos para a medida de ângulos e
distâncias em um plano vertical. Ou seja, a altimetria prima por conceber uma
vista em perfil das características topográficas de um dado terreno. As
distâncias verticais comumente analisadas são as diferenças de nível entre
pontos topográficos. A operação topográfica que objetiva o levantamento de dados
altimétricos é denominada nivelamento.
A topometria pode alcançar seu
objetivo mediante três procedimentos distintos:
a) Efetuando
medidas de grandezas angulares e lineares em relação a um plano horizontal (levantamento
planimétrico);
b) Efetuando medidas
de grandezas angulares e lineares em relação a um plano vertical (levantamento
altimétrico);
c) Efetuando
medidas de ângulos, distâncias e diferenças de nível sobre fotografias tomadas
de pontos do terreno (fotogrametria terrestre) ou sobre fotografias tomadas a
partir de aeronaves (aerofotogrametria).
A topologia tem por objetivo o
estudo das formas exteriores (relevo) do terreno, bem como das leis que regem
sua formação.
2.3 Equipamentos
O teodolito é um aparelho topográfico destinado
essencialmente par a medição de ângulos horizontais, podendo também aferir
distâncias horizontais e verticais por meio de taqueometria. O aparelho possui
diversos componentes, podendo ser destacados: tripé, parafusos calantes, níveis
de bolha, prumo ótico e luneta.
O tripé serve de base para o teodolito e deve ser
fixado no terreno natural; os parafusos calantes são empregados para nivelar o
teodolito em relação aos níveis de bolha; o prumo ótico destina-se a verificar
se o aparelho encontra-se centralizado corretamente na estaca; por fim, a
luneta destina-se a efetuar as visadas.
O nível é um aparelho topográfico destinado para o
nivelamento geométrico de um terreno (levantamento altimétrico). Mais simples do
que o teodolito, o nível é composto basicamente pela luneta, nível de bolha e
tripé. O nível é empregado para a aferição de desníveis (diferenças de cotas)
entre os pontos levantados.
A mira, também conhecida como estádia, é uma peça de
madeira retrátil, de 4m de altura, graduada de centímetro em centímetro. A mira
deve ser visada pela luneta de aparelhos em distâncias variando entre 2m e
100m. A mira é de fundamental aplicação no nivelamento geométrico de um
terreno, permitindo aferir as diferenças de nível entre pontos levantados. A
mira também pode ser empregada na medição indireta de distâncias horizontais,
por meio de taqueomeotria.
2.4 Levantamento planimétrico
2.4.1 Medição de distâncias horizontais
Um
levantamento planimétrico consiste na aferição, em campo, de distâncias e
ângulos horizontais.
A
medição de ângulos horizontais pode se dar de duas formas: métodos diretos ou
métodos indiretos. Os métodos diretos podem ser a medição por meio de
diastímetros (trenas, correntes de agrimensor) ou por uso de aparelhos
especiais (taqueometria, telemetria, etc).
A
medição por meio de diastímetros ocorre da seguinte forma: dados dois pontos A
e B materializados no terreno por meio de estacas de madeira, coloca-se uma
baliza no centro de cada estaca e efetua-se a medição de eixo a eixo de cada
baliza. A medição por meio de diastímetros é sujeitas aos seguintes erros: erro
de leitura, desvio vertical das balizas, desvio horizontal do diastímetro e
catenária (deflexão originada devido, principalmente, ao peso próprio do
diastímetro).
A
taqueometria consiste no emprego de um taqueômetro (teodolito que efetua
medições em um plano vertical), que efetua a medição de distâncias horizontais
com base em leituras realizadas em uma mira graduada. Dada a constante do
aparelho c e a diferença de nível I, a distância horizontal S é dada por S = c ×
I.
A
telemetria faz uso de equipamentos mecânicos, óticos ou eletrônicos, para a
medição de distâncias horizontais.
2.4.2 Medição de ângulos horizontais
Ao
aplicarmos o teodolito na obtenção de ângulos, podem ser utilizados diversos
métodos, sendo o método direto o mais empregado.
No
método direto, devem ser efetuadas as seguintes operações:
a) Centralizar e
nivelar o aparelho na estaca;
b) Zerar a
leitura angular do aparelho;
c) Efetuar a
visada de ré e fixar a leitura do aparelho;
d) Efetuar a
visada de vante e efetuar a leitura do ângulo.
2.4.3 Levantamento de poligonais
Em
Topografia, uma poligonal é uma seqüência de segmentos de reta, os quais
consistem em ligações em pontos topográficos levantados. Uma poligonal pode ser de três tipos:
a) poligonal
aberta, quando não retorna ao ponto inicial nem a nenhum dos pontos já medidos.
b) poligonal
fechada, quando a medição retorna ao ponto inicial, formando uma área e
possibilitando verificação.
c) poligonal
amarrada, quando a medição chega a algum ponto de coordenadas já conhecidas,
permitindo verificação.
As
poligonais abertas são utilizadas na locação de estradas e canais, enquanto as
poligonais fechadas são empregadas no levantamento de áreas.
2.4.4 Levantamento de áreas
Para o levantamento topográfico de áreas,
como, por exemplo, o levantamento de pequenas propriedades, deve-se efetuar um
procedimento de triangulação.
Sabe-se
que o triângulo é a figura geométrica que se torna totalmente determinada
quando se conhecem seus três lados, não requerendo a medição de seus ângulos.
Assim, nos levantamentos que consistem exclusivamente em medias lineares, os
triângulos consistirão a armação do levantamento.
A
triangulação pode ser descrita como segue: dentro da área a ser levantada,
escolhem-se pontos que formem, entre eles, triângulos encostados uns nos
outros, de modo a cobrir toda a região. Para atender à necessidade de exatidão,
devem-se compor triângulos maiores (primários) que abranjam todo o terreno,
sendo estes subdivididos em triângulos menores (secundários), para permitir a
amarração dos detalhes da gleba.
2.5 Levantamento altimétrico
No
levantamento altimétrico, também denominada nivelamento geométrico, serão
estudadas medidas das distâncias verticais aferidas entre pontos topográficos e
um plano horizontal de referência. Usualmente, tal plano horizontal consiste no
nível médio dos mar. Assim, podem ser comparadas as cotas (coordenadas
altimétricas) de quaisquer conjuntos de pontos contidos na superfície
terrestre.
Para auxiliar esse procedimento de
comparação de cotas, Referências de Nível (RN’s) estão espalhadas pelo globo
terrestre, as quais consistem em pontos com cotas já determinadas em relação ao
plano horizontal de referências.
Em
levantamentos de pequeno porte, pode-se arbitrar uma cota como plano de
referência, não sendo necessária a aferição de uma leitura da mira em um RN.
O nivelamento geométrico é mais
simples de ser executado do que o levantamento planimétrico. A seguir, serão
descritas, em linhas gerais, as etapas de um levantamento altimétrico.
a) Determinação
da altura do instrumento, a qual consiste na distância vertical entre 2 planos
horizontais: o de cota zero e o plano de aparelho (nível de vista do aparelho).
Para determinação da altura do
instrumento, efetua-se a visada de ré. No altimetria, a visada de ré, ao
contrário do que ocorre com a planimetria, tem sentido de direção, mas sim em
visar um ponto de cota conhecida.
b) Determinação
das cotas dos pontos. Efetuam-se visadas de vante, ou seja, leituras de mira em
pontos de cota desconhecida.
c) Efetuam-se
visadas de vante em todos os pontos visíveis ao posto do aparelho. Caso existam
problemas de visibilidade, deve-se estacionar o aparelho em outro ponto,
efetuar visada de ré para determinar a nova altura do aparelho, o prosseguir
com visadas de vante.
2.6 Uso da estação total
Os procedimentos para levantamento plani-altimétrico
descritos empregavam o teodolito e o nível. Contudo, com o advento da estação
total, tais procedimentos podem ser simplificados.
Uma estação total é o conjunto definido por um
teodolito eletrônico, um distanciômetro a ele incorporado e um microprocessador
que automaticamente monitora o estado de operação do instrumento. Este
equipamento é capaz de: (i) medir ângulos horizontais e verticais; (ii) medir
distâncias horizontais, verticais e inclinadas; (iii) processar e mostrar ao
operador uma série de outras informações como: condições do nivelamento do
aparelho, descrição dos pontos medidos, as coordenadas geográficas ou UTM de um
ponto e sua altitude; e (iv) transferir os dados para um computador, para que
sejam processados e receber possíveis correções para o fechamento e ajustamento
do levantamento.
As visadas da estação total são realizadas em um
prisma, o qual consiste em um espelho, formando um triedro, que reflete o sinal
emitido por um distanciômetro. É fixado em um bastão para facilitar seu
manuseio e pode ter associado algum sinal para pontaria da visada.
Como vantagens advindas do uso da estação total, podem
ser salientadas: rapidez na realização dos trabalhos, facilidade de operação,
elevada precisão e economia. Com uso da estação total, o levantamento plani-altimétrico
pode ser efetuado com maior rapidez e precisão.
2.7 Considerações finais
Neste tópico foram relatados os principais
procedimentos empregados em levantamento plani-altimétricos. No levantamento
planimétrico, usam-se, principalmente, diastímetros, balizas, estacas, miras e
teodolitos. No levantamento altimétrico, usam-se, em essência, níveis e níveis.
Também foi comentado o uso da estação total para o fim supracitado.
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